Quem sou eu

Me abre, me lê, confessa. Sou eu quem sei todos os seus segredos traduzidos em meus conflitos. Vem

domingo, 15 de agosto de 2010

Tire tudo

Ele me olhava, mas não estava ali, não de verdade. Eu sabia e sentia que era apenas uma máscara e ele sangrava internamente ao me despedaçar com aquele pedaço de sentimentalidades que não valiam mais de nada, afiados como a espada dos templários, só que não haviam neles a determinação necessária para tirar a minha vida, apenas para me fazer sofrer.

- Vamos, termine logo com isso. Tire tudo o que restou em mim, me faça esquecer-te.

Nesse exato momento a sua máscara caiu, e junto com ela, a arma que ele usava em vão contra mim. Ele não tinha mais forças para sustentar a leveza do ser, deixou-se ruir internamente.
Os pedaços de seu corpo caiam no chão e se espatifavam, dando origem a um novo e talvez mais viscéral ser. O seu verdadeiro 'eu' agora aflorava diante o meu estupefato ser, o buraco em meu peito agora pulsava loucamente.

- Você não tem forças, sempre me amou - Ele disse, sua voz parecia mais um silvo.
- Amei sim, não nego. Mas é tudo um passado recente ao qual eu não me orgulho. Mas admito que vivi intensamente tudo aquilo que senti. - Eu respondi, sentia o sangue ferver em minhas feições. Ele então avançou em mim, mas não se parecia mais com aquele monstro que vira a segundos atrás, ele agora era o sorriso encantador que me conquistara uma vez. Deixe-me levar pelo sentimento mais uma vez, até que senti o meu músculo estriado cardíaco ser arrancado de mim. Acabou, tudo escurecia à minha volta e eu o via segurar o meu pulsante coração como um troféu, mais um prêmio para a sua coleção. E eu apenas morria, cada vez menos humano e cada vez mais monstro.

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