Quem sou eu

Me abre, me lê, confessa. Sou eu quem sei todos os seus segredos traduzidos em meus conflitos. Vem

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Auge

No auge do meu egocentrismo, as vezes desejo que você escute as músicas pela letra e que ela realmente signifique algo para você. Que de algum modo ela me lembre você e assim seja mantida uma chama fraca de alguma coisa parecida com o amor que sentimos um pelo outro.

No auge da minha insegurança penso que você já seguiu e provavelmente nunca ouviria uma música por se lembrar de mim, mas... No auge do meu amor, te ver ouvindo músicas que eu gosto é quase uma ligação íntima entre nós dois, e só nós dois.

No auge da minha idealização você falaria comigo e estaria tudo bem, no auge do meu íntimo seria assim e eu talvez fosse feliz de novo. No auge da minha loucura.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Mansidão

Sem querer, algo parecia quebrado.
Eu não estava em meu lugar e ele tampouco. Queríamos mais do que menos tivemos e então, em soluço rouco, eu interrompi aquele silêncio pesado:
- Saia
Sem voltas, sem melindres, plano.
- Saia da minha casa.
Olhei para ele, que parecia incrédulo
- Por favor, eu não vou repetir.
Ele balbuciou alguma coisa, mas logo fez-se calado. Pegou suas coisas. Me olhou e parecia que algo estava prestes a aflorar em seu íntimo.
- Eu não quero. Eu não vou sair daqui. Você precisa de mim!
- Eu não preciso de você. Não preciso das suas mentiras, dos seus cansaços, da sua distância e nem dos seus amigos... Eu não preciso de ninguém!
- Todo mundo precisa de alguém... Eu te amo!
Aquele "eu te amo" me soou de uma maneira falsa, quase desesperada.
- Não acredito mais em algum palavra que você diga. Saia, por favor.
- Da sua casa?
- Da minha vida.
Levei-o à porta, ele virou-se fazendo menção de falar mas fechei a porta sem intenção verdadeira de ouvi-lo.
Larguei-me, escorregando com as costas pela porta entre algo que parecia um choro de raiva contida ou uma raiva contida no choro sufocado. Fui descendo, enquanto os seus passos diminuíam ao som de Gonzaguinha, que entoava "Sangrando" ao rádio.

sábado, 29 de junho de 2013

Eu, meu, seu

Sempre achei difícil dormir de conchinha nesse calor, mas ali estávamos: eu, a parte de fora, protetora. Ele, a parte de dentro, protegida.
Ele se mexeu, soltou-se de mim, levantando da cama.
- Já vai? - Perguntei acostumado
- Pautado em quê você me pergunta isso?
- Todos vão. Cedo ou tarde todos vão...
Recostei-me na cama, assolado por um leve incômodo.
- E você não se importa com isso?
- Com o quê?
- Todos irem embora...
- Me acostumei. - falei, mentindo mais pra mim do que pra ele.
- Posso não ser nada, mas não precisa mentir.
Ele se aproximou um pouco mais de mim, quase um convite para algo mais intimista.
Olhei em seus olhos - merda! - alguma coisa me fez acreditar.
- Certo. Não me acostumei, mas não posso fazer muita coisa.
- Bem, eu já vou então...
Antes que eu pudesse pensar em algo mais, o meu corpo respondeu por mim - Fica!
Foi o que consegui dizer naquele momento.
- Mesmo sabendo que um dia eu vou embora?
- Fica. Fica agora, não pra sempre. Quero viver você agora, talvez eu nem te queira mais pela manhã. Fica.
- Eu não posso te dar a certeza de que continuarei aqui amanhã.
- Ninguém pode. Eu só quero a certeza do agora... Fica.
- Eu fico.
Ele ficou, pela eternidade que durou até o amanhecer.

domingo, 26 de maio de 2013

E o amor?

Há muito que não me sentia assim. E nem imaginava sentir, mas o local era levemente propício para tal.
Não sei o que aconteceu, sei apenas que te olhei e, traduzindo todos aqueles clichês românticos, apaixonei-me pela ideia de apaixonar-me por ti e, durante aqueles aproximadamente cem minutos, eu te amei.
Não vou mentir que a força com a qual se deu esse teórico sentimento me surpreendeu, imaginando eu que não fosse mais capaz de sentir algo nessa proporção, mesmo que fosse apenas utópico. Mas achei graça na minha tentativa de estar com, você mesmo não estando ao seu exato lado cartesiano.
Sabendo que todas as relações estão fadadas ao perecimento, fui arrumando as minhas coisas sem que você notasse. Meu ponto se aproximava e eu teria, mais cedo ou mais tarde, que dizer adeus - Não disse, apenas peguei a mochila, coloquei-a de lado e saí do ônibus sem olhar pra trás. A gente terminava aqui e agora o mais extenuante amor que já senti em uma viagem de ônibus.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

"soma"

Tem coisas que a gente não precisa ver ou sentir pra saber que está ali, como o Sol.
Ninguém precisou me dizer que o sol ia nascer hoje de manhã, mas eu sabia que estava ali, e pra mim Amor é muito disso.
Talvez eu te ame, e torço para que você não precise de mim e nem que eu precise de você, só assim teremos a verdeira certeza do que passa a existir ali.
Existe. Existir irá. Existirá.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Espólios

Recostado na sua cama, malas prontas, passagens, passaportes... Tudo no seu devido lugar. Você ainda dormia enrolado nos lençóis, parecia um anjo.
Suspirei e afundei-me na cama por alguns segundos torcendo para que você não acordasse. Algumas lágrimas ensaiaram sair, mas não havia espaço pra elas. Visitei nosso passado, nossas histórias e tudo passou como um rolo de filme. Vivemos tantas coisas.
Mas não tenho certeza se eu vivi, não tenho certeza do que eu vivi - eu não pertenço a este lugar - pensei, com um certo peso em casa palavra. Peguei minha mochila - só a mochila, o resto poderia ficar. Peguei seu porta-retratos com nossa foto favorita e guarde.

Pensei em dar um beijo de despedida mas... Você iria acordar e doeria mais do que já está doendo.
Peguei um papel, rabisquei alguma coisa e o coloquei no lugar que ficava o seu porta-retratos.

"vai doer te ver por aí."

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Não mexe comigo

Sinto demais, e escrevo por isso. Só pra ver se alivia

Não pra trair alguém, não pra me declarar.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Rei de qualquer coisa



- Oi? Ah sim, claro.
Foi minha resposta pra qualquer coisa que você dizia.
Estávamos juntos, mais uma vez, mas eu não estava ali, meu pensamento voava tão longe que eu contava a quantidade de carros que passavam na rua. Um grito aqui, um apito ali e a sua voz que zumbia na minha cabeça.

Você parou de falar, imaginei que fosse a minha deixa pra mais uma resposta qualquer, mas ainda assim me mantive calado.
Vi uma folha cair de relance, na sua frente, sobre a mesa e você imitou-se como há dois anos:
- Guarda
Me entregou a folha. Fixei, estático.
- A folha ou as minhas lembranças?
- Foi como no primeiro encontro, não foi? Guarda.
- Não quero mais.
- A folha?
- Não, você.

terça-feira, 19 de março de 2013

Confessando através de outros

Confesso que as vezes sou contrário a usar os "titãs-clichês" da literatura.
As vezes uso Clarice por ter um pouco mais de intimidade, concedida a mim por mim, após ler alguns de seus livros. Nunca li nada do Caio Fernando, por exemplo, mas não resisti a esse texto dele que tive a felicidade de por os olhos hoje.

Confesso tanta coisa através dessas palavras de Caio Fernando que me sinto tão íntimo quanto como se eu tivesse lido alguma de suas obras. Ideias futuras... Ideias futuras...



"Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer. Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertencendo. Estou realmente cansado. Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade… quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: 'Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos, juntos, juntos.' Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso. Confesso que agora só espero você."

Caio Fernando

sexta-feira, 8 de março de 2013

(re)Volta

Por muito eu corri, escondi, fingi e tentei. Mas nunca esteve "tudo bem". O inferno caótico que tenho vivido tem se tornado difícil de suportar sozinho, mesmo com a presença ausente de alguns amores.
Corri, mas agora eu voltei e por mais especial que seja eu queria ter voltado, não para os meus cadernos e textos, mas para os braços de alguém. Alguém que tornasse essa solidão de toda sexta-feira um pouco mais suportável.
Mas solidão é a única companhia que tenho... Mas também é a única que eu não desejo ter.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Confissão de uma quarta-feira de cinzas

Acredite ou não, isso foi de próprio punho. Apesar de não ser a melhor maneira, terá que ser entregue dessa maneira:

Bem, começou o carnaval e junto com ele a minha ansiedade. Ansiedade por experimentar uma multidão que nunca experimentei, ansiedade por viver algo diferente, ansiedade por me sentir mais livre. Mas a maior ansiedade era por te encontrar. Desencontros da vida, que é cheia deles, o carnaval chegou e junto com ele as cinzas que vão te levando e te distanciando essas terríveis oito horas.

Planejei vidas pelo dia que nos encontraríamos, não me arrependo, os planos vão ficar guardados em um dos cantinhos mais felizes da minha memória e, caso eu tenha oportunidade, irei realizá-los, não duvide. Espero que de alguma maneira, e torço também, que esse nosso desencontro se restrinja à loucura de magia chamada de carnaval soteropolitano.
Espero poder te encontrar algum outro dia, de surpresa ou não, aqui ou aí, com ou sem fantasia. Mas eu ainda espero poder te encontrar, e torço para que você também ainda queira me encontrar, mesmo sabendo que essa vontade, tanto a sua quanto a minha, não será eterna, posto que é chama, mas lhe digo que por minha parte é infinita enquanto durar.

Boa viagem.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Brincar de viver

No ímpeto de me provar estar bem resolvi cutucar algumas lembranças bem aventuradas.
Abri o seu... o nosso livro e comecei a me divertir deliciosamente nas nossas re-lembranças. De repente eu fui me perdendo, sentindo o gosto amargo de esperança na boca, querendo entender de uma vez por todas porque não deu certo. Parei. Corri o livro, todas as páginas transpirando você misturado à minha vontade de tê-lo mais uma vez.
Mas eu fechei.
Fechei o nosso livro de uma vez por todas - peguei um novo, em branco, e comecei a escrever uma nova história.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Santa Helena

Assim que fechei a porta de casa consegui finalmente saciar o meu desejo: te peguei nos braços e beijei, como se não houvesse fim - ou começo - apenas o meio, o ali e agora. O seu cheiro me cutucava e eu te despi com a mente mais rápido do que fiz com as mãos - preferi a sua imagem nua à minha mente brincar se contrapondo ao meu tato.
Nem nos demos o trabalho de chegar à cama. O sofá, o chão e o corredor foram espaçosos o suficiente. Mas, até o dia nascer, nós conseguimos chegar ao quarto.

Descansados, depois de algumas horas de sono e um banquete do nosso modo, você disse que precisava sair... Ir ao banco, algo com dinheiro, não sei bem (e nunca vou entender). Te dei um beijo e você foi.

Era uma segunda.
Hoje já é sexta e eu continuo te esperando na segunda.
Ninguém sabe ou viu...
Acho que você nunca existiu.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Febre

Ardendo em febre no meio daquela multidão incansável, eu olhava adiante sem mirar em nada - minha cabeça não parava quieta.
Foi então que em uma dessas passadas de olhar despretensiosas, houve uma troca entre dois. Eu te vi, olhando pra mim - ruborizei e resolvi retribuir.
Aos poucos a multidão sumia do meu campo de visão que parecia embaçar-se aos poucos. Não dei muita importância, fixei meu olhar em você, como se isso já te fizesse meu. Sentindo a reciprocidade voraz dos seus olhos castanhos.

Andei, até que a multidão, junto com você, sumiram por inteiro e eu senti o peso do meu corpo se largando no chão sem ter como me apoiar ou segurar.

Acordei sem saber aonde estava, o quarto parecia de uma limpeza quase cirúrgica. Olhei em volta e percebi estar em hospital, mas ainda era um mistério como eu havia chegado aqui. Mais importante: olhei e não te achei, havia perdido você como um delírio de febre terçã.
Levantei e ainda me sentia fraco, fui à porta tentar abrir quando senti uma tontura, voltei para me apoiar na cama e senti um corpo quente me envolvendo. Olhei, e encontrei seus olhos que achei ter perdido para sempre.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

depois do silêncio

Enrolados em lençóis pensávamos distintamente em coisas semelhantes.
Separados por um eixo imaginário, você fumava enquanto eu só observava a fumaça brincar divertida na sua boca. Mas os meus olhos se perdiam na sua pele, no seu corpo, no seu cheiro; enquanto eu me perdia pensando o que você sentia, além do nosso sexo. Você me olhava com aquela cara de poeta procurando inspiração - mal sabia que era de você que tirava a minha.

Levantei da cama e lá fora algumas nuvens se mexeram, deixando entrar o sol pela janela entreaberta, que delineou perfeitamente o seu corpo.
Encaminhei-me a você, abracei, cheirei - o seu costumeiro cheiro de cigarro, café e sexo - e te beijei. Um beijo pesaroso, que poderia facilmente ser o nosso último.
Me afastei, peguei minhas roupas e na inapetência de dizer adeus, apenas proferi algumas palavras - Quem sabe daqui a alguns anos a gente possa dividir um café, e quem sabe cutucar algumas memórias.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O poema de hoje

O poema de hoje não tem graça, ou desgraça.
Ele fala de alguém que não sabe pra onde vai e nem de onde veio, de alguém que a vida anda sem sentido as vezes.
Todo verão, todo janeiro, o poema de hoje gostaria de retratar o que foi a felicidade de um amante há dois anos. Um pôr-do-sol, um verão que nunca saíram da minha mente - e tenho certeza que nunca sairão.
Mas esse ano, no dia 14 de janeiro não tem poesia, não tem amor, pôr-do-sol ou namoro. Tem o verão, a tristeza e a saudade de coisas que nem passamos.

O poema de hoje é meu, mais do que qualquer outro, é meu aprisionamento em um paraíso perfeito.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Sem título I

Há dias me pego tentando escrever.

Senti que estava esquecendo de como faz isso; ligar as palavras, costurar esse eterno manto que recobre as minhas sentimentalidades.
Achei que havia me esquecido dessas sentimentalidades até que me peguei rindo, identificando-me com textos, conversas e trocas musicais completamente despretensiosas. Desde então, as palavras fluem da minha mente, mesmo desregradas, cabe a mim ordená-las logicamente.
E então, tenho cada vez mais certeza que as melhores histórias são feitas à noite.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Deliquar

Você vem chegando, despreocupado como um daqueles meninos à flor da idade, se instalando em meu infinito particular que apelidei carinhosamente como "Coração".
Não me importa o que você pensa; há vezes que deixo pensar e sigo sentindo aquele gostinho de "quero estar mais" ao seu lado.
Seu cheiro de cafuné sem pressa e a eloquência do seu discurso fazem-me deliquar, semelhante a essas tardes mornas de verão, na casa da sua tia-avó com aquela colônia lhe atiçando as narinas.

Vem cá, mais perto. Não vá embora, não agora, depois de tanto tempo que levei pra te encontrar no meio de tanta gente chata.