Quem sou eu

Me abre, me lê, confessa. Sou eu quem sei todos os seus segredos traduzidos em meus conflitos. Vem

sábado, 24 de novembro de 2012

não

nada, nem mesmo uma brisa.
nem uma farsa
nem uma desgraça
nem um grito
nada. tudo. eu.

sábado, 27 de outubro de 2012

Meu leonino

Uma daquelas noites que você parece estar no lugar errado na hora certa.
É, destino, talvez. Mas se eu não estivesse lá àquela hora eu não teria conhecido o meu herói, daquela tal Sargento Astrolábio.
Não, nada de capa, espada (quer dizer, espada sim!) ou escudo. Apenas uma racionalidade carinhosa que me fez acordar de tantos sonhos e para tantas coisas que sempre estive alheio.
A graça das idealizações se perdiam nele, raiva e ao mesmo tempo amor - Quem ele pensa que é para duvidar do que eu posso sentir? - Mas ele podia, e sempre duvida.
Na certeza dele, eu sempre me perdia incerto; me questionando e me fazendo descer do castelo de fábulas que eu sempre construí. Mas não, nada muito violento, a sinceridade dele é doce.
Meu leonino que sempre me pareceu tão indomável, finalmente achou seu porto.
E eu torço, em segredo, sempre.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Música de apartamento


À meia luz sozinho em meu quarto, algo me doía.

Eu insistia, ao que me parece, em me revirar na cama resistindo a dormir. Aquele calor e a dor me desatinavam o juízo de maneira que dormir não era a minha melhor opção.
Levantei, apesar de estar vestindo quase nada o calor tomava conta, de maneira quase febril. Fui à cozinha buscar um pouco d'água gelada; para beber ou mesmo para jogar em mim, pensando se resolveria algo.
A caminho da cozinha percebi um som de violão vindo ao longe, ele vibrava em todas as notas - ainda um pouco tímidas, confesso - mas insistentes. Peguei a água e as notas continuavam insistindo em mim, resolvi ir à varanda descobrir a origem daquele violão. Como imaginei: outro vizinho cuja insônia resolveu atacar na mesma noite que a minha.

A janela dele estava entreaberta, parei-me encostado na varanda escutando o que ele tinha a me dizer com aquelas notas que já não eram tão mais tímidas. No limiar do possível, ele me dizia algo que eu queria escutar, algo que se sobrepunha ao tom mais agudo daquela dor que eu já nem lembrava. Em pouco tempo as notas deixaram de ser aleatórias para seguir alguma ordem e sincronia musicalmente agradável.

Vizinhos de janela e era a primeira vez que nos víamos - sim, ele espiou para fora da janela e me viu - confesso ter arrependido-me levemente da minha falta de curiosidade quanto às pessoas que me rodeiam. Ele sorriu de imediato ao cruzarmos os olhos, largou o violão de lado e se pôs à janela:
- Não consegue dormir?
Gritou, quase fazendo graça.
- Não.
Respondi um pouco sem graça - quem era ele pra me deixar assim?
- Vem pra cá. Não dormir acompanhado é melhor até do que dormir sozinho.

Acho que nem esperei ele terminar de falar.
Sei apenas que na continuação da minha noite a dor e o calor sumiram.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Estrelas na frigideira

Quantas estrelas existem na frigideira do meu pesar?
Não sei, você as roubou de mim como o amanhecer rouba a solidão da noite.

Tentou transformar tanto pesar em ouro - felicidade. Por um momento eu acreditei ser verdade, mas como ouro de tolo, acabei sem você ou felicidade.

Você se foi, mas não as devolveu.
Eu quero as minhas estrelas - o meu tesouro - que é pesaroso mas valioso.
Me devolve à mim.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Fascínio

COMPLICADO, EU DIRIA.

Difícil de entender nos mínimos detalhes.
Assim como ela, você vive as coisas - ou vivia - de uma maneira, me permita dizer, visceral.
Como ela, sentir e flutuar são semelhantes e facilmente palpáveis. Dificilmente algo te prende no chão e é deveras árduo chamar a sua atenção.

Você e ela parecem um - melhor dizendo - um milhão. As pessoas os vêem como tais disfarces, quando na verdade vocês apenas querem um que consiga vencer todos ao mesmo tempo e encontrar - no sentido literal - você.

Não prometo conseguir, talvez isso não seja algo que me cabe. Assim como muitos falharam com ela, eu temo já ter falhado com você. Mas eu prometo ao menos tentar não te criar como algum personagem da minha mente.

Você, assim como Marilyn, me fascina.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

I’ve never fooled anyone. I’ve let people fool themselves. They didn’t bother to find out who and what I was. Instead they would invent a character for me. I wouldn’t argue with them. They were obviously loving somebody I wasn’t.


- Marilyn Monroe

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

DNC

Numa daquelas tardes despretensiosas, eu corria pela rua sem mirar nada e nem ninguém. Minha mochila pendurada, pesava a meio ombro, eu andava meio torto e meu cabelo estava assanhado.

Alguma coisa - melhor, alguém - vinha em minha direção. Tinha algo no rosto, uma pintura ou apenas manchas, eu não conseguia decifrar, reparei apenas que eram vermelhas.
Então ele passou, dizendo algo com os olhos e realçando com a sua pintura - índio, doido, calouro - eu ainda não havia decifrado a sua regularidade. Mas foi uma fração de segundos, que me parou no tempo, e você continuou andando.
Não sei ao certo o que me atingiu naquele dia. Eu poderia dizer que foi um soco na barriga, me deixando sem ar, mas não, foi algo dicotomicamente leve e intenso.

Eu continuei o meu caminho, ainda pensando nos cinco segundos mais longos da minha vida, cuidando para não esquecer o seu rosto. Na expectativa de que o inesquecível aconteça.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

T(w)o

Você passa a sua vida tentando se sentir encaixado. Não digo tentando se encaixar, são duas coisas diferentes

Ai então, vem alguém que te rouba. Rouba o seu coração e cuida dele, como se fosse o tesouro mais precioso.
Mas um dia, isso acha de acabar. E acaba.

O mundo começa a cair aos pouquinhos, você segura cada pedaço e cola, mas a cola seca e tudo volta a ruir. Quando você sentia pertencer-se a alguém, havia uma cumplicidade - surda e cega - nunca muda.
E quando acaba, aquela pessoa que te tocou voa para tão longe que se faz impossível tê-la de novo, e você, tocado, permanece aonde está. Sem pertencer a ninguém, sozinho e perdido nas emoções, cada vez mais perto de uma borda, de um limite imaginário.

Depois que você é tocado uma primeira vez, depois que você se sente pertencendo a alguém uma primeira vez, você nunca mais é o mesmo.

sentir

Hoje eu tenho certeza que não acordei, amanheci.
E amanheci com aquela sensação que parece um vazio que a gente as vezes nem consegue descrever, um misto de vazio e ansiedade, porque de alguma maneira a gente sabe que existe alguém para preenchê-lo.

Amanheci com a triste certeza da realidade.
Amanheci com um gosto amargo, que nem de longe era do perfume dele.
Amanheci.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Violão

Cansado - provavelmente o adjetivo que melhor se encaixava em mim naquele momento. Andava com o ar de sonhos partidos e o cansaço que o sol trazia.
Na minha cruzada eu já havia passado por tanto que nem me lembrava mais o que tinha me trazido ali, mas de repente, um som tímido e meio desajeitado chamou a minha atenção.

Vinha de um daqueles prédios, de uma janela entreaberta, tão tímida quanto o som. Mas ele veio de novo, cada vez mais agradável e sensual.
De alguma maneira aquilo me conquistava, não era música nenhuma que eu conhecesse, apenas algumas notas soltas - alguém resolveu afinar o violão.
Mas eu estava absorto por aquilo, o que eram notas desajeitadas tornaram-se uma melodia íntima para mim, e só para mim...
As outras pessoas - pobres mortais - nem se davam o luxo de escutar tal melodia.

E então, em questão de minutos, todo aquele amor idealizado se materializou na forma da música que estava sendo tocada, e eu, apaixonado por quem quer que estivesse tocando. Aquela música continuou ressonando por toda a minha noite, junto com aquele "platonicismo" que apenas a mim era permitido.
Me desculpem vocês, mas viver apaixonado é sempre refrescante.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Analista

Quase como um diário de bordo, mas mais parecido com um manual de instruções.
Desde o fatídico dia do fim, eu o preencho com as mais variadas esquisitices, só pra ver se te esqueço.

Mas hoje, hoje eu não consegui. Fraquejei.
Queria ouvir a sua voz e te ter de volta.
Acordei e algo muito próximo ao vazio se instalava no meu peito. Pensei que, por mais que demorasse, uma mensagem sua o preencheria e então lembrei-me: não existem mais mensagens suas - não novas, fresquinhas - só as velhas que guardo para espiar e sofrer um pouquinho de vez em quando.
Mesmo sabendo disso, o coração palpitava e se enchia de alegria com o menor toque do celular. Para logo depois voltar ao seu lugar de origem.
Não sei, mas acho que já se esqueceu de mim...
Eu só queria dizer que ainda não estou pronto - Volta, por favor.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Não como, não durmo.
Não como gente normal.

Acabou, pela minha infelicidade, acabou. E eu quero achar de me acabar, em qualquer lugar desses bem longe de vocês, de tudo.
Acabou pra mim,

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Conta pra mim

Como é se sentir esquecido, esperando um telefonema que nunca vem?
Ou uma mensagem, pra não dizer carta, contendo apenas uma linha de poucas palavras rabiscadas.
Me diz como é saber que eu estou aproveitando cada segundo dos meus dias sem você, em qualquer lugar... Ah! Se não precisar, eu nem faço questão de voltar.
Aliás, me conta como é achar que, pra mim, as vezes você nem existe.

Não consegue, não é?
Cada uma dessas sensações vêm me assombrando da pior maneira possível desde que você foi... e não voltou, não por completo, não alguém que eu ainda conheça.
Mas entra, a casa continua sendo sua. Açúcar ou adoçante? - Haha. Até parece que eu não sei que você não toma café.

Agora vai, saia daqui com a cabeça erguida, para que a minha última lembrança sua seja a mais bonita de todas.
Obrigado, por me mostrar o quanto eu não sou mais especial para você.

sábado, 28 de julho de 2012

Lições

Recostado na parede fria, numa dessas noites quentes de verão, eu me perdia na incerteza da palavra mais certa que você nunca me disse - "adeus".

E assim se fazia a minha noite; entre o copo que subia e descia, pousava e repousava sobre o papel, o cigarro que me matava e Bethânia a gritar no rádio. Eu estava mais uma vez perdido.
Uma piscada de olhos errada e minha mente afundava com a ajuda de centenas de mãos para um desses cantinhos escuros da nossa memória, aqueles cujo tempo, ao invés de curar, tira de ser centro das atenções.
Aos poucos eu me lembrava do seu cheiro, do seu gosto, do seu tato, do seu sexo. De repente já estava sorrindo, brincando com você nas minhas lembranças mais gostosas aonde o vinho ajudava a torná-las o mais real possível.

Eu queria você de volta - mas de volta de onde? Se nem acabado a nossa relação tinha - sim, a nossa relação nunca acabou fisicamente mesmo eu sabendo que não éramos mais os mesmos - perdão, não somos mais os mesmos - eu me forçava a acreditar nisso pra conseguir perceber que mesmo juntos, como namorados, não estamos passando de bons amigos.
Eu tomava o última gole do vinho, esperando uma ligação que nunca chegaria. Você estava longe, assim como eu.
- É, é melhor acabar - Pensei com uma lágrima forçando a cair dos olhos

terça-feira, 26 de junho de 2012

Amar é

Me revirava na cama até perceber que já tinha amanhecido.
Aquele gosto amargo de segunda-feira na boca, mas já era terça.
Era a segunda-feira de duas semanas atrás, a última que a sua voz tinha ecoado dentro de mim. desde então, continuo preso nesse dia, sempre com o gosto amargo.
Me levanto e o quarto está da mesma maneira há duas semanas, parecia que tinha perdido a vida que o fazia aconchegante, tornando-se apenas uma cova quente e mal iluminada.
O quarto, assim como a minha vida, estava estagnado no tempo e no espaço, sem forças ou vontade para voltar.

O celular sempre ao lado, este sim, vivia como se nada tivesse acontecido. Eu esperava que ele, ao contrário do computador, me trouxesse boas notícias. mas era uma espera que todos sabiam ser em vão.
Sem surpresas, sem carinho, sozinho. Só aquele gosto amargo de tomate que não me saía da boca.
Eu lutava insistentemente contra a minha inércia inapetente, eu queria me ferir, me matar, pra ver se ainda havia vida naquele sangue, mas o máximo que eu conseguia fazer era fingir que estava tudo bem e forçar o sorriso mais insosso que eu conseguisse.
O calendário não mudava, o relógio não passava... faltava alguma coisa aqui. eu sabia, todos sabiam, mas nada podia ser feito.

Mesmo as músicas haviam perdido a cor

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ânsia

Doces, leves, apaixonadas. ou duras e frias. ou ríspidas.
Elas não são minhas, pertencem àqueles livros imóveis das prateleiras da biblioteca.
Eu as roubaria e as treinaria para serem minhas, minhas de verdade, para eu não aprender a me apaixonar e de repente tê-las em fuga de mim, da minha boca.

Com certeza eu as derramaria em uma folha branca de caderno, tentaria em vão costurá-las com a linha do sentido, e ainda assim seria feliz por isso.
Mas eu nunca as deixaria para trás, não elas, que descreveram o meu amor, as minhas lições, os meus anseios...
Eu quero as palavras pra mim, pra assim poder mostrar-lhe o quão doce a palavra pode ser.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

é ele

Você que diferente de todo mundo me deu um espaço.
Me conquistou e se deixou ser conquistado assim imagino. Porque não é de qualquer oposto que se aparece algo forte assim, como a gente vive por aí.

Mas eu gosto, por mais bobo que eu pareça, gosto do seu jeito sem jeito. Das suas piadas mais bestas. Da sua insegurança, boba, mas que eu acho a coisa mais fofa.
Eu gosto do jeito que você se veste, apesar de preferir quando está sem roupas, ao meu lado. Gosto do seu cheiro e me dói não te ter por perto quando sinto ele.
Na verdade, o que eu mais gosto é o seu jeito de me deixar te amar e o seu jeito de me amar. Suas mensagens de bom-dia, seu "boa noite" já com um gostinho de saudade na voz e seu beijo, nosso beijo, que me levanta não importando aonde eu esteja.

Você é o meu tipo, você é o meu menino, o meu homem. O que vai ficar lindo, acordando ou dormindo (e que por favor, seja ao meu lado). O que acerta ao presentear, mesmo que erre o presente.

Mas olha, não é segredo pra ninguém essa coisa de fazer o mundo acreditar que o meu amor não será passageiro, te amarei de janeiro a janeiro.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Don't forget me


"Yes, the price that I paid was all I had
But at last I found release.
And if something good can come from bad,
The past can rest in peace.

Ah, if you see someone's hurt
And in need of a hand,
Don't forget me.
Or hear a melody cryin' from some baby grand,
Don't forget me.
When you sing happy birthday to someone you love
Or see diamonds you wish were all free,
Please say that you won't, I pray that you don't forget me"


Don't Forget Me - Katharine McPhee (from SMASH)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Tango

Em algum lugar não muito adequado para uma descrição, eu me perdia em vinhos, cigarros, homens, mulheres e trocas de olhar. Sentado quase em posição estratégica, em uma cadeira de madeira, meu cigarro era acendido por um dos garçons que me olhava havia um tempo. Ele me veio com uma dúzia de meias palavras que pareciam ensaiadas e tiradas de livros baratos. Nem precisei fazer esforço para ignora-lo, o próprio percebeu que o melhor a fazer era voltar a servir os outros. Meu vinho esquentava, assim como eu dentro daquele terno preto. O que era fumaça de cigarro em um ambiente hostil acabou por se tornar uma inebriante iluminação de tom vermelho. Aquele tango que tocava no fundo do meu ser começava a ser traduzido nos violoncelos, pianos e violinos da banda. Achei que ele não teria audácia suficiente, mas lá estava ele: lindo como sempre, aquele sorriso cafajeste em seu rosto e trazia consigo mais um idiota iludido. Com o nível de álcool em meu sangue, havia apenas um sentimento preenchendo a minha mente quando eu olhava para ele, e não era raiva.
Aproximei-me dele, o tango continuava a tocar - adoro essa parte que são apenas os violinos - eu me aproximava como um tigre, sorrateiro, camuflado e com apenas um desejo em mente. O encontro, um primeiro choque, ele parecia não estar acreditando que eu estava indo falar com ele, com ambos, na verdade. Longas horas de conversa, e o tango vinha chegando ao ápice, assim como os três corpos na cama de um motel barato. O que aconteceu, não sei ao certo, apaguei completamente. Nunca me dei muito bem com vinho e cigarro. Só me lembro de estar acordando e encontrar os dois mortos na banheira do motel, e minhas mãos completamente sujas de sangue.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Palco

Tudo cru e nu. Não há cor, não há alma e nem corpo.
Um vazio de doer no peito, há quem interessar possa. Mas, com algumas palavras, que serão aparentemente sem nexo no início, mas ganharão a vida necessária quando for a vida que lhes colocar no mundo.
Aos poucos, tudo se constrói, as palavras passam a fazer mais sentido e aqueles barulhos ritmados - "5,6,7,8" - vão construindo aos poucos um reino que se habita de emoções à flor da pele.
A pele, coberta ou descoberta, se move, dança, grita, encanta e transforma. Tudo nu, tudo cru, por fora ou por dentro e tudo mais.

terça-feira, 17 de abril de 2012

No auge da tempestade, a calmaria

Descobrir-se e esquecer
Entender e esquecer-se

- Esqueça tudo o que viu, ouviu e sentiu. Você está em um mundo novo o qual deve se adaptar o mais rápido possível.

Agora sou eu, agora é comigo. Criar máscaras só para aqueles cuja interação ainda não foi feita.
Fingir e esconder que sinto de uma maneira diferente, sinto com o coração e não com o cérebro. E não pense que a premissa do "fingir" é "proteger-se".
Eu finjo de uma maneira natural, eu ajo de uma maneira forçada e brinco como se estivesse em cena.
Sou mutante; mutável por natureza - ainda bem - ser algo definido, formado e limitado não é mais para mim. Abriram a minha mente e agora eu abro o meu corpo e minha alma para as sensações que o mundo me trás

Mas então, é olhar pra trás, ser um em um milhão, estar entre muitos e com muitos, e ser, amavelmente, solitário.

sábado, 14 de abril de 2012

Grito de alerta

Meu eterno amor e minha vontade utópica de romantismos.
Aparece assim do nada, me trás flores seu perfume e talvez uma caixa de chocolate, meio amargo por favor.
Mas vem e não me deixa esquecer que sou seu, assim como você é meu. Me dá um beijo, aquele beijo, e me faz esquecer o quanto eu já me senti esquecido.
Reacende a chama que por pouco não está apagada em meu âmago.

Se quer tanto me surpreender, aprenda o que eu realmente gosto.

Fim

Escorrendo, um pequeno fio de água.
Me escapa e vai se esvaindo cada vez mais, cada vez mais. Não há pensamento mais certo que aquele do fim.
Quando sua vida chega ao fim e a luz finalmente chega. Não há pensamento mais certo do que esse.

Não caro leitor, o fim da vida não necessariamente é o fim do seu corpo físico mas sim o fim de um ideia, de um ideal...
O fim é apenas o começo do resto das nossas vidas.

terça-feira, 3 de abril de 2012

desculpa

- Olha, me desculpa.
- Não é a mim que você deve desculpas...
- Mas se foi para você que eu não mandei mensagens? Devo desculpas a quem?
- Ao meu coração. É ele quem se machuca quando, mesmo sem querer, você provoca uma desatenção... Cuida, pra que ele não pare de bater.

terça-feira, 20 de março de 2012

Estranho natural

Esse toque íntimo, da minha sanidade aos prazeres utópicos.
Fora da minha zona de conforto, mas em uma zona que me deveria ser de conforto, junto àquele estranho natural que nem sei mais se conheço. Rei, réu ou rainha, nada importa para os prazeres que provei apenas no toque e nada mais.
O prazer que nunca me foi carnal, sempre foi inventado por aquela ponta de ilusão que adoça todas as minhas experiências.
Mas matei, a mim e ao rei, fui réu e condenado pelo crime perfeito. Condenado à felicidade momentânea, como um espasmo.
Então, vitimei o meu íntimo, aquele que nunca deixou de ser réu, e me tornei o rei.
Sozinho.

domingo, 18 de março de 2012

O ato

Não há companhia em uma noite morna e pouco ventilada de sábado.
Uma destemida gota de suor me cruza, impetuosa, sabendo que corre para a morte, mas ela é minha única companhia , breve, por assim se dizer.
Eu só queria ouvir uma voz, qualquer que seja.
O calor de um toque ou a frieza de um olhar.
A minha urgência física nunca conseguiu se calar, e na multidão de vozes que se fez do silêncio brotaram dos olhos as minhas outras companheiras da noite.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Gosto de tomate

Em meio aos lençóis, cigarros, vinho e o meu blues, que apelidei carinhosamente de samba.

Um pedaço da noite em que acordo do meu eterno sonho e finalmente me acho em meio à lucidez, faz-me necessário escrever e colocar pra fora aquilo que me prende e revolta. Se me permitem a paráfrase, caros leitores, porque sim este texto foi feito para vocês. Mas, se me permitem tal paráfrase, a vida é na verdade, uma luta de grandes egos.
Permitam-me então fazer comparação e inferência infeliz aonde percebo que por egos eu quero dizer máscaras, sim.
Gostaria de poder conseguir expressar por palavras a agonia e nojo que sinto de mim, dentro de mim. Algo repulsivo que de alguma maneira me faz achar que consigo esconder atrás de palavras bonitas o que eu realmente sou: o objeto repulsivo. Não caro leitor, por favor, mas a última coisa que preciso é da sua pena, guarde sua máscara para os outros, espero apenas o mísero da sua sinceridade ao sentir, ao menos, nojo de mim assim como eu sinto.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Fútil

Gosto de ser invisível.
Gosto de parecer invisível.
Para aqueles que passam, boa sorte
E para aqueles que ficam, sou mais doce que a morte
Não me notem, ou me foquem
Minha beleza e futilidade se cansa de vocês
Mas venha
Venha sem pretensões, ou qualquer conceito pré-concebido
Venha e se perca, em um particular que nunca foi infinito

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Dançando

Me assombra a maneira com que me tomo de independência, como se tivesse nascido pra viver nessa solidão cosmopolita de uma grande metrópole.
Vão e vem, a inegável profecia de todo dia, e se perdem em um mundo ao qual eu não pertenço.
- Passaram, não sei quantos por mim, não os vi - Eis a minha eterna preocupação.
Mas me perco, nesse súbito momento de lucidez, e volto à minha única companhia: solidão.
Como um grito mudo para uma sociedade surda, a vontade de estar com alguém se retorce em meu íntimo me revirando as entranhas, mas logo é acalmada com aquele som de silêncio que pesa os ouvidos. Ela então me pega e conduz, como o homem da relação. Eu danço a sua música, cujo ritmo é ditado pela batida do meu coração e a melodia são os passos, as buzinas e as conversas pegas pela metade, de pessoas que encontraram a sua metade.
Mas eu continuo, sempre cinza, sempre à margem. Com todos e sem ninguém: a maior dicotomia da minha vida.