Quem sou eu

Me abre, me lê, confessa. Sou eu quem sei todos os seus segredos traduzidos em meus conflitos. Vem

sábado, 29 de junho de 2013

Eu, meu, seu

Sempre achei difícil dormir de conchinha nesse calor, mas ali estávamos: eu, a parte de fora, protetora. Ele, a parte de dentro, protegida.
Ele se mexeu, soltou-se de mim, levantando da cama.
- Já vai? - Perguntei acostumado
- Pautado em quê você me pergunta isso?
- Todos vão. Cedo ou tarde todos vão...
Recostei-me na cama, assolado por um leve incômodo.
- E você não se importa com isso?
- Com o quê?
- Todos irem embora...
- Me acostumei. - falei, mentindo mais pra mim do que pra ele.
- Posso não ser nada, mas não precisa mentir.
Ele se aproximou um pouco mais de mim, quase um convite para algo mais intimista.
Olhei em seus olhos - merda! - alguma coisa me fez acreditar.
- Certo. Não me acostumei, mas não posso fazer muita coisa.
- Bem, eu já vou então...
Antes que eu pudesse pensar em algo mais, o meu corpo respondeu por mim - Fica!
Foi o que consegui dizer naquele momento.
- Mesmo sabendo que um dia eu vou embora?
- Fica. Fica agora, não pra sempre. Quero viver você agora, talvez eu nem te queira mais pela manhã. Fica.
- Eu não posso te dar a certeza de que continuarei aqui amanhã.
- Ninguém pode. Eu só quero a certeza do agora... Fica.
- Eu fico.
Ele ficou, pela eternidade que durou até o amanhecer.