Quem sou eu

Me abre, me lê, confessa. Sou eu quem sei todos os seus segredos traduzidos em meus conflitos. Vem

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Luxúria

Eu quero tanto.
Desenrolar aos poucos e sentir o seu cheiro que me remonta tantos pecados. Morder, mesmo que doa, eu preciso morder para sentir o seu sabor, o seu recheio macio... e que recheio.
Finalmente somos só nós dois, um ritual até que eu consiga, ensaio algumas mordidas mas é grande, tenho que ir aos poucos.
Consigo finalmente pousar meus lábios em sua superfície redonda e com a língua eu amacio, para cravar os dentes em sua cobertura de chocolate e então sentir o tão esperado recheio de morango da trufa.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Num infinito particular

E todos esses clichês que me vêm na ponta do papel, mesmo que eu tente ser infinitamente criativo, só servem para dizer as três melhores palavras que eu tenho para você: eu te amo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Colegial

Eu me demorava à mesa do café, porque aliás, eu podia fazer isso... aquele tédio engraçado não me consumia como deveria, eu queria me queixar dele mas na verdade ele era até bom.
Enquanto eu via alguns queixando-se do tédio, o ser inanimado, que parecia mais animado do que nunca, que me incomodava era o calor. Eu brincava com o pão-com-manteiga que fizera com tanto carinho para então comê-lo, era quase um ritual de preparação e em pouco tempo, todo aquele amido estaria sendo digerido pela amilase presente em minha boca e pelo resto do meu sistema digestivo, que aliás era um dos poucos assuntos da biologia que não me chamavam atenção. Eu continuava a brincar com o pão e a manteiga parecia derreter-se mais com o passar do tempo, eu não a culpava, suas fracas interações não eram capazes de suportar aquele calor de rachar o crânio, eu estava me sentindo uma planta dentro de uma estufa.
Alguma coisa chamou minha atenção na varanda de casa, que aliás, era uma boa casa. Grande e com aquele aspecto nostálgico de uma elegância perdida com o tempo e pelo mau-uso. Olhei então pra varanda e pude ver o sol enganando meus olhos do lado de fora, eu via a refração, difração e, se não me engano, reflexação da luz devido a diferença de temperatura e pressão ocasionada por aquele insuportável astro-rei.
Continuei então demorando com o pão até que decidi, sem ritual nenhum, comê-lo. Não me demorei mais à mesa, tomei o meu suco e levantei para o nada, que me forçava ter o tempo para fazer o que eu tinha dom (o meu único aliás) que era cozinhar. Me encaminhava para a cozinha, com aquele passo de domingo pelo manhã e então me lembrei que deveria fumar... Fumar era um daqueles dons forçados, nunca gostei mas me acostumei, porque sempre me pareceu mais fácil acostumar-se com as coisas do que lutar contra elas.
Me encaminhei para a varanda, acendendo o cigarro, e encontrei o meu vizinho na varanda dele. Era meu amigo de longa data, nos conhecemos no... colegial, como chamavam na minha época.
Sentei-me na cadeira de balanço que eu deixava na varanda, estratégicamente posicionada frente-a-frente com a varanda do meu amigo. Ambos nos sentamos e começamos a conversar...
A conversa rendeu, como sempre, até que... até que...
Não sei, ele ficou em silêncio de repente...
Até que tudo pareceu muito silencioso para mim...
Nem mesmo o vento ousava se mover...
Aonde eu estava, foi o que me perguntei quando olhei ao redor e não conseguia reconhecer nada. A única coisa que reconheci foi o rosto jovem do meu amigo me chamando pra ir com ele, e quando olhei pra mim mesmo, todas aquelas rugas haviam sumido e o cabelo estava no lugar que deveria estar. Estranho, mas fomos juntos e olha... encontramos tantos dos nossos amigos daquele tal "colegial"

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Cabelo-de-boneca

Estava sentado, naquela sala aonde todos ainda me eram desconhecidos. Tímido e calado, apenas observando o movimento quando de repente, poraquela porta dupla e azul entra alguém. Alguém que eu nunca apostei e nem nunca esperei que fosse ser de extrema importância para mim. Esse alguém gritava, vinha saltitante e sempre feliz. Seus cabelos ainda eram curtos, usava um vestido com uma blusa de manga por cima... ou era uma saia? Não me lembro bem... sei então que ela veio falar comigo e a minha timidez só me fez corar.

O tempo foi passando e ela foi se tornando cada vez mais importante pra mim. As vezes com seus brincos amarelo berrantes, as vezes com sua blusa rosa. As vezes de calça, as vezes de saia... Mas é sempre ela. É sempre alguém que eu sei que poderei confiar. O tempo passou mais um pouco e ela apareceu com tranças no cabelo, muito diferente do que era normalmente, mas pronta para 'whip her hair' melhor até do que a própria Willow Smith.

Conversamos tanto e nos entendemos tanto... até os nossos prováveis alter-egos e as trocas dos nossos textos. E agora eu sinto saudade, mas tanta saudade dela. Dos seus afagos e dos seus beijos. Até mesmo de seus tapas e seus gritos... Mas daqui a pouquinho a gente vai se ver denovo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Rótulos

Eu fechei os olhos e acreditei.

Deixei o chão de lado e passei a caminhar junto com as nuvens e as estrelas que guardei em meu altar particular junto com você.
O ato de apaixonar-se é talvez, até certo ponto, alguma coisa voluntária, do tipo 'os dispostos se atraem'. Mas quando então, o seu coração para de bater voluntariosamente e passa a disritmar-se no ritmo daquela música, daquele beijo, ou apenas de um simples cafuné.
Mas não é assim, tão fácil. Quem achar que o coração é um músculo fácilmente domado irá enganar-se amargamente. Vencer as barreiras, biológicas e psicológicas de uma paixão é um árduo trabalho, mas ao receber a ligação de alguém que está longe e mesmo assim pensa em você, alguém que cuida de você mesmo estando em outro país... Ah, uma barreira a menos.

Confesso que ainda acho estranha essa idéia de apaixonar-se. É difícil saber se algum dia eu vou experimentar algo semelhante, que tem cheiro e sabor indefinido para o geral mas individualmente específico. Posso dizer que no meu caso tem aquele sabor intrigante do morango mais suculento e vermelho junto com aquele cheiro inesquecível do anoitecer interiorano, frio e aquele cheiro de terra molhada com o cafézinho quente passado na hora.

E se ainda assim, insistirem em dizer que é uma ilusão eu estarei disposto a vivê-la junto com você e torná-la perpétua aos nossos cuidados.