Quem sou eu

Me abre, me lê, confessa. Sou eu quem sei todos os seus segredos traduzidos em meus conflitos. Vem

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Mansidão

Sem querer, algo parecia quebrado.
Eu não estava em meu lugar e ele tampouco. Queríamos mais do que menos tivemos e então, em soluço rouco, eu interrompi aquele silêncio pesado:
- Saia
Sem voltas, sem melindres, plano.
- Saia da minha casa.
Olhei para ele, que parecia incrédulo
- Por favor, eu não vou repetir.
Ele balbuciou alguma coisa, mas logo fez-se calado. Pegou suas coisas. Me olhou e parecia que algo estava prestes a aflorar em seu íntimo.
- Eu não quero. Eu não vou sair daqui. Você precisa de mim!
- Eu não preciso de você. Não preciso das suas mentiras, dos seus cansaços, da sua distância e nem dos seus amigos... Eu não preciso de ninguém!
- Todo mundo precisa de alguém... Eu te amo!
Aquele "eu te amo" me soou de uma maneira falsa, quase desesperada.
- Não acredito mais em algum palavra que você diga. Saia, por favor.
- Da sua casa?
- Da minha vida.
Levei-o à porta, ele virou-se fazendo menção de falar mas fechei a porta sem intenção verdadeira de ouvi-lo.
Larguei-me, escorregando com as costas pela porta entre algo que parecia um choro de raiva contida ou uma raiva contida no choro sufocado. Fui descendo, enquanto os seus passos diminuíam ao som de Gonzaguinha, que entoava "Sangrando" ao rádio.

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