Quem sou eu

Me abre, me lê, confessa. Sou eu quem sei todos os seus segredos traduzidos em meus conflitos. Vem

sábado, 19 de junho de 2010

Um mergulho na solidão

Era um daqueles dias: As horas arrastavam-se, tão nojentas quanto um caracol. Eu estava naquele velho lugar, ao lado da janela esperando por uma brisa morna naquele escaldante dia. Mesmo à sombra, eu sentia a intensidade daqueles raios solares. Fitei o céu, azul e sem nenhuma nuvem aparente, de repente, soara o sinal da liberdade, eu pude então fazer o meu costumeiro caminho ao topo, buscando pela minha metálica carruagem. Isolei-me do mundo, como sempre, e sentei-me à sombra de uma árvore. Sem muita espera, eu já estava alojado e encarapitado na janela daquele colosso metálico que fazia a minha travessia diária. Passei por muitos lugares, borrões coloridos, zunidos abafados de um milhão de vozes, as quais eu nunca prestava devida atenção. Na verdade, nada me chamava muita atenção, apenas aquela líquida imensidão azul que permanecia imutável aos olhos humanos, Eu sentia tanto calor que desviei-me do caminho de casa e parei alguns segundos naquela areia branca e fofa, sendo delicadamente molhada pelo mar. O calor ainda me era tanto que eu não resisti à hipnose do movimento ondulatório, larguei minha mochila e minha camisa na areia e parti para o inevitável encontro com aquela água. Mergulhei, pude me sentir lavado, como se um peso saísse de minhas castigadas costas. Ergui-me da água, estava tão cativante que não percebi o tempo passar - Tenho que voltar - Pensei comigo, mas em um momento egoísta do meu ser, eu decidi que demoraria mais, eu necessitava que a atenção das pessoas recaísse sobre mim. Decidi então que iria mais fundo, nada podia me impedir, nem mesmo aquelas ondas que desafiavam o meu ser. Tornava-se cada vez mais difícil desafiar a força da natureza, resolvi então mergulhar, fui cada vez mais fundo, sentia meu corpo parando aos poucos, meu cérebro já não respondia, ele desistira de mim. Fechei os olhos e senti que não precisava mais respirar, eu estava livre daquelas limitações humanas, era uma sensação indescritível. Sobressaltei-me ao olhar para baixo e ver que tinha alguém ali comigo, parado, incrível como ele se parecia comigo... não, ele não apenas se parecia comigo, eu conhecia cada detalhe daquele corpo inerte, que estava sendo levado pelas ondas. Tentei gritar, mas meu grito foi silenciado com o som das ondas quebrando na areia. Permaneci em silêncio para sempre.

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