Quem sou eu

Me abre, me lê, confessa. Sou eu quem sei todos os seus segredos traduzidos em meus conflitos. Vem

sábado, 2 de outubro de 2010

Eu te levo

Perdido naquele lugar que ele não pertencia, escrevia absorto em seu costumeiro caderno cor-de-palha. A caneta subia e descia, o som dela riscando o papel só cessou quando algo chamou-lhe a atenção na janela de sua prisão, um passarinho azul bicava levemente a janela, como se quisesse entrar. Foi então quando ele deixou o caderno de lado e se encaminhou, vagarosamente e recuperando-se da enfermidade.

A janela era feita de vidro grosso e pesado, ele teve alguma dificuldade em abrir, mas depois de algumas tentativas, conseguiu. O pássaro não entrou, ao invés disso, ao abrir a janela ele sentiu o sol queimar sua pele e o vento entrar pela janela e bagunçar as folhas do seu caderno, ele tentou correr mas as suas limitações ainda eram muitas, o caderno balançava loucamente ao ritmo frenético do vento. Foi então que achou ter ficado louco de uma vez por todas, sentiu-se livre, como quem está caindo... caindo mas sem o chão para segurar. Durante esse tempo, ele sentiu todos os cheiros que lhe foram marcantes. Desde o aldeído da tangerina ao álcool daquele perfume especial.

Ele caiu, até que não pode mais. Acordou, algo doia muito, seu corpo estava doendo por inteiro, tão forte que o estava fazendo perder os sentidos, quase desacordado, ele ouvia pessoas gritando ao longe e uma correria à sua volta. Fechou os olhos e se perdeu no céu, voando com o pássaro para onde o vento quisesse. Mas o cheiro da tangerina nunca cessou

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