Enrolados em lençóis pensávamos distintamente em coisas semelhantes.
Separados por um eixo imaginário, você fumava enquanto eu só observava a fumaça brincar divertida na sua boca. Mas os meus olhos se perdiam na sua pele, no seu corpo, no seu cheiro; enquanto eu me perdia pensando o que você sentia, além do nosso sexo. Você me olhava com aquela cara de poeta procurando inspiração - mal sabia que era de você que tirava a minha.
Levantei da cama e lá fora algumas nuvens se mexeram, deixando entrar o sol pela janela entreaberta, que delineou perfeitamente o seu corpo.
Encaminhei-me a você, abracei, cheirei - o seu costumeiro cheiro de cigarro, café e sexo - e te beijei. Um beijo pesaroso, que poderia facilmente ser o nosso último.
Me afastei, peguei minhas roupas e na inapetência de dizer adeus, apenas proferi algumas palavras - Quem sabe daqui a alguns anos a gente possa dividir um café, e quem sabe cutucar algumas memórias.
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