Me assombra a maneira com que me tomo de independência, como se tivesse nascido pra viver nessa solidão cosmopolita de uma grande metrópole.
Vão e vem, a inegável profecia de todo dia, e se perdem em um mundo ao qual eu não pertenço.
- Passaram, não sei quantos por mim, não os vi - Eis a minha eterna preocupação.
Mas me perco, nesse súbito momento de lucidez, e volto à minha única companhia: solidão.
Como um grito mudo para uma sociedade surda, a vontade de estar com alguém se retorce em meu íntimo me revirando as entranhas, mas logo é acalmada com aquele som de silêncio que pesa os ouvidos. Ela então me pega e conduz, como o homem da relação. Eu danço a sua música, cujo ritmo é ditado pela batida do meu coração e a melodia são os passos, as buzinas e as conversas pegas pela metade, de pessoas que encontraram a sua metade.
Mas eu continuo, sempre cinza, sempre à margem. Com todos e sem ninguém: a maior dicotomia da minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário