Ele me olhava, mas não estava ali, não de verdade. Eu sabia e sentia que era apenas uma máscara e ele sangrava internamente ao me despedaçar com aquele pedaço de sentimentalidades que não valiam mais de nada, afiados como a espada dos templários, só que não haviam neles a determinação necessária para tirar a minha vida, apenas para me fazer sofrer.
- Vamos, termine logo com isso. Tire tudo o que restou em mim, me faça esquecer-te.
Nesse exato momento a sua máscara caiu, e junto com ela, a arma que ele usava em vão contra mim. Ele não tinha mais forças para sustentar a leveza do ser, deixou-se ruir internamente.
Os pedaços de seu corpo caiam no chão e se espatifavam, dando origem a um novo e talvez mais viscéral ser. O seu verdadeiro 'eu' agora aflorava diante o meu estupefato ser, o buraco em meu peito agora pulsava loucamente.
- Você não tem forças, sempre me amou - Ele disse, sua voz parecia mais um silvo.
- Amei sim, não nego. Mas é tudo um passado recente ao qual eu não me orgulho. Mas admito que vivi intensamente tudo aquilo que senti. - Eu respondi, sentia o sangue ferver em minhas feições. Ele então avançou em mim, mas não se parecia mais com aquele monstro que vira a segundos atrás, ele agora era o sorriso encantador que me conquistara uma vez. Deixe-me levar pelo sentimento mais uma vez, até que senti o meu músculo estriado cardíaco ser arrancado de mim. Acabou, tudo escurecia à minha volta e eu o via segurar o meu pulsante coração como um troféu, mais um prêmio para a sua coleção. E eu apenas morria, cada vez menos humano e cada vez mais monstro.
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