Sempre achei difícil dormir de conchinha nesse calor, mas ali estávamos: eu, a parte de fora, protetora. Ele, a parte de dentro, protegida.
Ele se mexeu, soltou-se de mim, levantando da cama.
- Já vai? - Perguntei acostumado
- Pautado em quê você me pergunta isso?
- Todos vão. Cedo ou tarde todos vão...
Recostei-me na cama, assolado por um leve incômodo.
- E você não se importa com isso?
- Com o quê?
- Todos irem embora...
- Me acostumei. - falei, mentindo mais pra mim do que pra ele.
- Posso não ser nada, mas não precisa mentir.
Ele se aproximou um pouco mais de mim, quase um convite para algo mais intimista.
Olhei em seus olhos - merda! - alguma coisa me fez acreditar.
- Certo. Não me acostumei, mas não posso fazer muita coisa.
- Bem, eu já vou então...
Antes que eu pudesse pensar em algo mais, o meu corpo respondeu por mim - Fica!
Foi o que consegui dizer naquele momento.
- Mesmo sabendo que um dia eu vou embora?
- Fica. Fica agora, não pra sempre. Quero viver você agora, talvez eu nem te queira mais pela manhã. Fica.
- Eu não posso te dar a certeza de que continuarei aqui amanhã.
- Ninguém pode. Eu só quero a certeza do agora... Fica.
- Eu fico.
Ele ficou, pela eternidade que durou até o amanhecer.
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