Já não me sentia vivo há muito tempo. Confesso que nem a solidão me fazia mais companhia, desde que você me deixou. Meu celular tocou, a nossa música invadiu o meu quarto e o meu ser, mas percebi que aquilo não estava certo, senti um frio vento cortando minha face e logo a música não enchia mais o ar. Seria isso apenas mais uma peça pregada pelo destino tentando reanimar o meu quase morto cadáver mecânico? Destino, não sei, mas me lembrar de você apenas afundou mais ainda a recente mágoa, despertando as feridas que ainda não estavam curadas e me fazendo morrer em uma hemorragia de lágrimas que escorriam com um desgostoso gosto férrico pelo meu rosto. Mas isso era apenas drama, que se incorporava perante o meu ser na forma do meu mais esperado, inesperado e exasperado amor da minha morte. Era o pior sofrimento que meus cansados e inchados olhos poderiam suportar: te ver e não poder te tocar era mais doloroso do que guardar doentias lembranças, como todas as suas mensagens mentirosas no meu celular, do nosso amor de verão.
Não queria ser visto por ninguem, mas enquanto eu andava pela rua, perdido pelos caminhos da minha vida, eu sentia os frios olhares dos meus ''amigos''. Um dia desses, enquanto eu andava a esmo, deparei-me com o seu perfume... ou melhor, o seu cheiro. Agarrei-me a essa pequena parcela de esperança e então senti você em meus braços mais uma vez. Eu sabia, mesmo de olhos fechados com medo de acordar para a realidade, aonde estavam os seus lábios. Nossos lábios se encontraram e só então eu tive a coragem suficiente e abrir os olhos, mesmo que significasse perder tudo isso. Abri, e com uma inconfundível sensação de surpresa e felicidade, me vi ao seu lado assistindo ao Pôr-do-Sol.
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